Dono de larga experiência na viabilização de dezenas de musicais, como os recentes A Gaiola das Loucas e Hairspray, Sandro Chaim é parceiro de Claudia na empreitada e assina a produção geral de Cabaret, cujos créditos incluem ainda direção musical e vocal do maestro Marconi Araújo, coreografia de Alonso Barros (de volta ao Brasil depois de uma temporada de 23 anos na Áustria), cenários de Chris Aizner e Renato Theobaldo, figurinos de Fábio Namatame e iluminação de Paulo César Medeiros. Sob o comando de Possi, eles preparam o ambiente para receber o elenco de 21 atores e uma orquestra de 14 músicos, regida em cena pela maestrina Beatriz de Luca. A versão brasileira de textos e musicas é de Miguel Falabella.
Ambientada no Kit Kat Club, uma decadente casa noturna em Berlim, em 1931, a trama, baseada no livro de Christopher Isherwood, gira em torno do relacionamento da inglesa Sally com o escritor americano Cliff Bradshaw, encarnado pelo jovem ator Guilherme Magon, de apenas 25 anos. Paralelamente ao romance entre os personagens principais há ainda a relação entre uma alemã tolerante, Fräulein Schneider (vivida pela atriz Liane Maya), e um judeu, Herr Schultz (Marcos Tumura, protagonista de diversos musicais, entre eles Les Miserables e Miss Saigon).
“O que me fascina em Cabaret é que a sua trama tem um peso. Na maioria dos musicais, as histórias normalmente são leves. Aqui, não. Ela é densa, retrata seres mundanos da noite num momento em que a raça humana estava à beira do abismo. O enredo é situado historicamente numa Alemanha transformada pela ascensão do Partido Nacional Socialista, onde judeus e minorias são acossados e o mundo vive a tensão de uma iminente Segunda Guerra Mundial”, analisa Possi.
A versão cinematográfica, onde a personagem de Liza Minnelli é uma desvairada cantora de cabaré, é mais leve do que a do texto original, que a retrata como uma cativante, porém traiçoeira, prostituta em fim de carreira.
“A Claudia faz uma Sally mais madura, sofrida, sem os arroubos da juventude. Uma mulher que não tem tanto tempo assim pela frente”, adianta Falabella. “Ela é extremamente paradoxal. É adorável, mas ao mesmo tempo também é alcoólatra e histérica. Fora dos holofotes, a vida dela é um desastre absoluto e ela precisa usar de suas artimanhas para sobreviver. Ela não é bipolar, é tripolar”, completa a atriz.
As duas versões também se diferem no tratamento dado ao Mestre de Cerimônias, que tem uma participação mais destacada na escrita para o teatro. Vivido na telona e no musical da Broadway pelo ator Joel Grey, cujas incontestáveis atuações o levaram a receber duplamente o Tony e o Oscar, o papel agora será representado por Jarbas Homem de Mello, um nome recorrente nos musicais produzidos nos últimos dez anos.
A versão original de Cabaret, de 1966, foi escrita pelo dramaturgo Joe Masteroff, que se baseou na peça Eu Sou uma Câmera, de John Van Druten, inspirada, por sua vez, no livro Adeus, Berlim, de Christopher Isherwood. Com músicas de John Kander e Fred Ebb – uma das principais duplas de compositores de musicais da história, donos de sucessos como Chicago e Beijo da Mulher Aranha, entre outros –, o espetáculo teve 1.165 apresentações na Broadway e depois recebeu uma versão londrina, onde a protagonista era interpretada por ninguém menos que Dame Judi Dench.
“Assisti ao espetáculo em diversas oportunidades, em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires… O filme, eu vi umas 30 vezes”, conta Claudia, que no último ano evitou assistir ao longa de Bob Fosse para não se influenciar na hora de compor a personagem. “É impossível fugir totalmente das referências, mas acredito que a Sally que construí tem a minha assinatura, é a minha Sally”, compara.
A primeira e única produção nacional do musical foi realizada em 1989. Claudia foi convidada na ocasião pelo diretor Jorge Takla para interpretar a protagonista, mas se viu obrigada a declinar por estar comprometida com uma novela. A vaga terminou ocupada por Beth Goulart e o Mestre de Cerimônias foi vivido por Diogo Vilela. Desde então, interpretar Sally Bowles virou uma espécie de obsessão para ela.
“Dizem que os personagens também caçam seus intérpretes. Foram anos de perseguição recíproca e algumas oportunidades se desenharam, mas os direitos estavam sempre com alguém. No ano passado, quando eles foram liberados, eu e o Sandro Chaim corremos para adquiri-los”, lembra Claudia.
Tamanha perseverança deverá se refletir no esmero da produção. A iluminação de Medeiros, os 150 figurinos luxuosos de Namatame e o cenário de Chris Aizner e Renato Theobaldo – que ocuparão um setor da plateia com 11 mesas destinadas ao público – foram desenhados meticulosamente para fazer com que todos se sintam dentro de um cabaré de fato.
Cabaret em números:
- 80 profissionais envolvidos, entre artistas e técnicos
- 150 figurinos (Claudia Raia usa dez figurinos e tem nove trocas de roupas durante o espetáculo)
- 18 músicas
- 40 perucas usadas pelo elenco
- 11 mesas que acomodam um total de 60 pessoas (do público) instaladas em cima do palco para formar o clima de cabaré
- cenário de 7 toneladas
Curiosidades:
- A produção precisou importar 20 caixas de cigarros de alface para Claudia, que é ex-fumante, usar em cena. Ela acende dois cigarros por sessão.
- O vestido que Claudia usa em Grana (Money), criado por Fabio Namatame, tem 20 mil pedras de cristais Swarovski bordados à mão.
Curta Temporada – De 8 a 11/Março
Quinta e Sexta – 21h // Sábado – 17h30 e 21h30 // Domingo – 18h
Local:
TEATRO MUNICIPAL DE PAULÍNIA
End: Av. José Lozano Araújo, 1551 – Pq. Brasil 500
Telefone: (19) 3933-2140
Fonte: TeatroGT
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