sexta-feira, 12 de março de 2010

Megaprodução musical, Pernas pro ar estreia em Brasília para uma curta temporada e inaugura nova fase de Cláudia Raia



Helô é uma dona de casa simples. Frequenta a academia de ginástica, cumpre os deveres do lar e reserva tempo para reuniões sociais enquanto sonha em mudar de rotina. Muito da personagem central do musical Pernas pro ar, que estreia hoje na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, há na musa Cláudia Raia, que a interpreta. “Ela tem uma pureza que é muito minha. Sei que sou essa mulherona que fala, que faz, mas sou superconservadora”, define Cláudia, em entrevista ao Correio.



É essa capricorniana simples, do alto de seus consagrados 1,10m de pernas ocultadas por roupas “pretas, brancas e cinzas, sempre monocromáticas”, que, há 25 anos, inventa e reconfigura o teatro musical brasileiro — gênero que, desde os tempos do Teatro de Revista, encontra raros, mas criativos representantes em Chico Buarque, Marília Pêra, Cláudio Botelho e Charles Müller.

Com Pernas pro ar, um pouco do cenário cultural nacional parece ser redesenhado. A começar pelo caráter itinerante do espetáculo, raro entre as engessadas produções musicais de rigor cronométrico. Desde a estreia, em dezembro do ano passado, até junho, o espetáculo passa por 17 capitais brasileiras. Tudo graças a duas carretas que levam três toneladas de equipamentos. “Não usamos nada dos teatros em que apresentamos. Iluminação, som, cenário, carregamos todos os recursos nos caminhões e instalamos dois dias antes. É uma correria”, admite Cláudia, que acrescenta aos papéis de atriz, bailarina e cantora o pesado cargo de produtora.

Com argumento de Luis Fernando Verissimo, texto de Marcelo Saback e direção de Cacá Carvalho, o musical descreve em danças e jogo de projeções os desejos da recatada Helô, que se reconhece insatisfeita com a rotina. Por obra de um demônio travesso, que aparece num misto de sonho e realidade, suas pernas saem de controle rumo às tentações mundanas.

A história se desdobra sem deixar o quarto de Helô. A partir de um recurso 3D inédito em espetáculo brasileiro, visto nos shows de Madonna e em apresentações do Cirque de Soleil, sete projetores alternam cenários num piscar de olhos. No palco, os atores Cláudia Raia, Marcos Tumura, Rubens Gabira e nove dançarinos se revezam em 150 figurinos de couro, plástico, papel e voil — tecido comum em cortinas.

Para possibilitar a itinerância do projeto, o palco de Pernas pro ar é montado da mesma forma em cada cidade que passa, inspirado no modelo das caixas cênicas italianas que viajavam por aquele país. Os equipamentos de som são instalados e testados às vésperas da apresentação. “No início, o (operador de som) André Garrido queria me matar, dizia que eu era louca de propor um trabalho como esse. Hoje em dia, diz que só quer trabalhar assim, por um triz”, brinca a artista.

PERNAS PRO AR
Musical com Cláudia Raia, Marcus Tumura e Ruben Gabira. Argumento de Luis Fernando Verissimo, texto de Marcelo Saback. Direção de Cacá Carvalho. Hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 20h, na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Ingressos:
R$ 120 e R$ 60 (meia) Duração: 110 minutos. Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3325-6239.


A dança em primeiro lugar


Mesmo se assumindo uma mulher “intimamente tradicional” e “superconservadora”, Cláudia Raia mostra o contrário nos 25 anos de palco. A estreia, como a pequena Cassie no musical A chorus line, abriu os palcos para a explosiva bailarina clássica que, pouco depois, personificaria produções modernas como Não fuja da raia (1991), Nas raias da loucura (1993) e Caia na raia (1993).

Se antes tentava misturar números de palco e vedetes do Teatro de Revista a canções da Broadway, hoje ela se depara com o público habituado às adaptações brasileiras de musicais consagrados, que dominam os grandes teatros de Rio de Janeiro e São Paulo. “A audiência está mais esperta, treinada, gananciosa. Não aceita qualquer coisa, ela sabe reconhecer um bom elenco e orquestra. Em virtude dessa popularização, também estão diluídas entre a plateia pessoas que pouco vão ao teatro ou aos musicais. Decidimos ir a cidades com pouco contato com o gênero, como Manaus, Aracaju, para colaborar com essa popularização. A itinerância figura, desde a concepção, como principal objetivo do projeto”, justifica.

Com a colaboração do preparador vocal Marconi Araújo, pioneiro do cenário candango e fundador da Companhia de Musicais de Brasília, em 1998, Cláudia Raia explora o novo alcance vocal nos palcos de Pernas pro ar. “O Marconi me mudou completamente, nasceu uma nova voz e uma nova Cláudia, maravilhosa, que me encanta.” Mas arremata: “O ar que eu respiro ainda é a dança. Cresci dançando e minha carreira sempre foi de bailarina. Com isso, descobri caminhos lindos. Como atriz, amo representar. Mas sou produtora na vida, na minha casa, sou produtora em tudo que boto a mão. Gosto de ir atrás dos recursos, de convencer as pessoas, de falar dos meus sonhos e de manter o ritmo alucinado de 51 pessoas trabalhando”.

Ouça trecho da entrevista com a atriz Cláudia Raia, estrela do espetáculo Pernas pro ar

Leia entrevista na íntegra

Essa e a sua maior turnê com um musical?

Sim. É a primeira vez que se faz turnê desse tamanho, com orquestra ao vivo. É um certo ônus pelo nosso pioneirismo. A gente está ralando para desbravar, para encontrar maneiras de encurtar o tempo de produção em cada cidade. Fazer um espetáculo inteiro ao vivo com 22 microfones de voz, 18 de banda, e equalizar tudo a tempo da apresentação é um desafio. Contamos com duas carretas de 13 metros e montamos tudo em dois dias. Na equalização, uma engenheira de som faz estudos antecipado nas salas, cria um desenho de som de para cada uma. Além disso, fiz questão de ter um operador de som itinerante. Escolhemos o André Garrido, acostumado com shows de música.

Foi difícil se adaptar às projeções 3D?


O problema da orojeção volumétrica é o caráter matemático. O gênero musical já é, por si só, um estilo engessado. Tudo tem que estar nas marcações exatas, toda respiração é ensaiada e cronometrada. Por isso, a gente nao usa nada do Teatro Nacional. Entramos com nosso palco, que é como uma caixa cênica. Os sete projetores de volumétricos estão inclusos, seis no palco e um do lado de fora. Tivemos muitos ensaios, vários testes, até que conseguissemos trabalhar com as projeções. Em uma cena, que a roupa dos dançarinos parece pegar fogo, nada pode estar fora do lugar.

Você sempre apostou nos musicais e agora eles estão numa boa fase no Brasil. Você vê diferença do publico atual para o antigo?


O público está muito mais esperto, treinado, ganancioso. Hoje em dia, eles não aceitam, sabem o que é bom, aplaudem o que é bom. Eles não aplaudem o que não gostam. Eles conhecem elenco bom, orquestra boa. Ao mesmo tempo, estou tendo a sorte de me deparar com um público que nunca foi ao teatro, conquistamos pessoas com menor poder aquisitivo. Quando pensei no espetáculo, queria que tivesse uma ação social. Pensei em apresentar fora dos teatros, ir encontro das pessoas que não podem estar presentes. Mas conseguimos parcerias para dar aulas e workshops em ONGs que trabalham com dança e teatro e baixar a entrada pra essas pessoas.Estou feliz com isso, porque sei que algumas pessoas que assistem às apresentações nunca pisaram no teatro.
Já as pessoas que frequentam teatro amam o genero. Há 25 anos eu tentava fazer isso com o Teatro de Revista, com a vedete, para chegar atá a Broadway, que era uma linguagem que não tinha igual aqui. Mas é evidente que as pessoas podiam compreender, pois a gente mora num país extremamente musical e rítmico. Não fuja da raia tinha muito de número de plateia, vedete, esquetes, o formato era mais pro Teatro de Revista. As músicas já eram versionadas da Broadway. Hoje em dia isso não é mais necessário, porque temos essa alegria que é a melhor linguagem apra chegarmos ao público.

Que carreira fala mais alto em você? Atriz, cantora, bailarina ou produtora?

O ar que eu respiro ainda é a dança. Eu nasci dançando, cresci numa academia de dança onde minha mãe dava aula. Minha carreira sempre foi de bailarina. Com isso, descobri caminhos lindos. Como atriz, amo representar. Agora estou num momento muito especial de canto. A minha voz mudou muito, o Marconi Araújo mudou isso completamente nasceu uma nova voz e uma nova Cláudia. Essa nova Cláudia está maravilhosa, me encanta, estou cantando coisas que nunca cantei na vida.

E como fica a carreira de produtora?

Eu sou produtora na vida, na minha casa, sou produtora em tudo que boto a mão porque minha visão é do todo. Esse é meu lado empreendedor. Pequeno, médio, grande, já produzi muita coisa sem pisar no palco. Tinha espetáculo que nem atuava como atriz. Gosto de ir atrás do recurso, de convencer as pessoas, de falar dos meus sonhos, de construir o que estava dentro da minha cabeça, manter o ritmo de 51 pessoas trabalhando.

Tem alguma coisa da Helô na Cláudia Raia?


Acho que tem uma pureza que é parecida comigo. Eu sou essa mulherona que fala que faz, mas eu sou super conservadora. É engraçado que fantasiam, já me perguntaram como eu durmo. Poxa, eu sou super monocromática na vida real, durmo com pijama cinza de malha, me visto com preto, branco e cinza. Sou capricorniana e no meu ántimo, na minha essência eu sou monocromatica e tradicional.

Fonte: Blog Maria Claudia Raia

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Seu primeiro trabalho profissional foi aos 10 anos de idade, como manequim do costureiro Clodovil Hernandes. Aos 11 anos fez um tratamento para controlar o excesso de crescimento; aos 13 anos de idade já estava com 1,70 metro de altura, e isto a fazia se considerar "desengonçada"

No início de carreira de bailarina dançou profissionalmente nos Estados Unidos e na Argentina. Aos 13 anos, ganhou uma bolsa para estudar balé em Nova York e ficou lá por 4 anos. Estreou aos 17 anos na televisão brasileira como a personagem Carola, contracenando com o ator Jô Soares no quadro "Vamos Malhar" do programa Viva o Gordo, na Rede Globo.

Aos 15 anos de idade participou da versão brasileira do musical A Chorus Line, fazendo o papel de Sheila, uma personagem dezoito anos mais velha. Em 1984 posou pela primeira vez para a edição brasileira da revista masculina Playboy, ainda com o nome de Maria Cláudia. Posou novamente em 1985 e 1986, já como Cláudia Raia.

Em 1987, fez a feirante Tancinha da novela Sassaricando e depois em 1988, surpreendeu como a presidiária Tonhão, no quadro "As Presidiárias", no programa TV Pirata. O enorme sucesso das personagens lhe garantiu o reconhecimento como atriz.

Em 1984 começou a namorar o humorista Jô Soares. O romance durou dois anos. Casou com o ator e modelo Alexandre Frota em dezembro de 1986 e com ele permaneceu até 1989. Foi casada durante 17 anos com o também ator Edson Celulari, por quem se apaixonou durante as gravações da telenovela Deus nos Acuda, na qual faziam par romântico em 1992. Os dois anunciaram a separação no dia 26 de julho de 2010, de forma amigável.

No inicio do ano de 1997, com 4 anos de casamento, Edson e Cláudia, tiveram o filho Enzo. Cláudia foi convidada para fazer a vampira Mina da novela O Beijo do Vampiro, quando estava grávida pela 2ª vez da filha Sophia.[8] O autor usou a gravidez da atriz e a inseriu na história de sua personagem. Mina daria à luz no capítulo 109, no ar em 30 de dezembro de 2002, uma segunda-feira. Cláudia, então, deixou a trama e teve Sophia no início de 2003. Depois retornou à novela só nos últimos capítulos para finalizar o desfecho da personagem Mina.

Claudia atuou como Donatela Fontini da novela A Favorita, uma mulher que é acusada de um crime que a sua ex-melhor amiga Flora (Patrícia Pillar) cometeu. Foi sua primeira protagonista no horário nobre.[9] Seu sofrimento era tão grande na história que causou comoção nacional.

Em 2010, a atriz participou da novela "Ti Ti Ti" como a madame Jaqueline.

Atualmente interpreta Lívia Marini na novela Salve Jorge como a uma das vilãs da trama, Lívia é uma mulher sofisticada, estilosa e inteligente, acima de qualquer suspeita. O que fica na sombra é a atividade de agenciadora para tráfico de pessoas.