O pontapé foi em "Viva o Gordo", de Jô Soares, no início dos anos 1980.
Com Claudia não tem climão. Ela xaveca seu próprio assessor de imprensa, entre uma e outra resposta dada em entrevista. Tudo de brincadeira, obviamente, como forma de estabelecer a descontração.
A conversa, na casa dele, nos Jardins, em São Paulo, foi marcada pela iminência de realizar de um sonho antigo. Protagonizar a peça "Cabaret" está nos planos de Claudia desde os anos 1980, o que ela fala pouco antes de deixar cair, sobre um tapete de lã, o chiclete que mascava. (KKKK)
Já de quatro, tateando o tecido branco (da mesma cor da goma de mascar), a atriz deixa escapar todo seu talento para compor frases hiperbólicas. "Ai, nunca mais vamos encontrar esse chiclete."
E a entrevista continua com o próprio repórter também de quatro, no chão.
A atriz conta que Sally Bowles, protagonista de "Cabaret", a "perseguiu" durante os últimos 20 anos.
A estreia do espetáculo está enfim marcada para 27 de outubro, no teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.
Essa "perseguição" começou nos anos 1980. "Fui convidada antes da Beth Goulart para fazer o espetáculo do [Jorge] Takla, de 1989."
Dez anos depois, uma nova tentativa foi frustrada por compromissos na Globo.
underground
O mesmo papel rendeu um Oscar a Liza Minnelli em filme de Bob Fosse de 1972. Mas Claudia pretende mostrar uma Sally mais underground.
"Ela não é bipolar, ela é 'tripolar'", brinca, enquanto mostra fotos de revistas de moda. Mulheres com maquiagens borradas, modelos da Dolce & Gabbana conjugando perfil tétrico e sexy: são imagens que Claudia carrega hoje em seu celular.
Para a atriz, a versão com Minnelli não deixava explícito que Sally é uma prostituta viciada em gim.
Na peça, a personagem se apaixona por um escritor homossexual, que seria interpretado por Reynaldo Gianecchini. O ator afastou-se do projeto após anunciar que estava com câncer. "Faltavam dois dias para a gente começar os ensaios", diz Claudia.
Gianecchini faria par com ela também no remake da novela "Guerra dos Sexos", de Silvio de Abreu, em 2012.
Para a peça, Claudia mostrou o background de quem faz musicais muito antes de o gênero virar moda em São Paulo. Fez teste com mais de mil intérpretes para o elenco e se diz feliz por ter se livrado de velhas precariedades.
A atriz conta que a montagem para "O Beijo da Mulher-Aranha" (2001), por exemplo, era movida a voz com acompanhamento instrumental em playback.
Agora, a presença da orquestra em cena --"e um stage manager que não é gringo"-- dão mais fôlego às produções nacionais.
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